segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

“KARMA, LIVRE-ARBÍTRIO E RESPONSABILIDADE NUM MUNDO EM CONSTRUÇÃO”

Os Conceitos de Karma, Reencarnação e Livre-Arbítrio andam juntos dentro do conjunto de conhecimentos filosófico-religiosos da Sabedoria Antiga do Oriente, principalmente na Índia, mas talvez valha a pena fazermos uma rápida revisão, visando aos que aqui vieram pela primeira vez.

I- O Karma:

- 1 quando pensamos, colocamos em movimento ondas eletromagnéticas, que seguirão em direção ao objeto ou pessoa por nós idealizado.

- 2 Quando sentimos, carregamos com nossos sentimentos ondas vibratórias, cujas qualidades se somarão às anteriores.

- 3 Quando falamos ou agimos em direção à pessoa ou objeto focados nos movimentos anteriores, “damos o endereço” a estas ondas vibratórias e ao encontrá-los, sua natureza essencial busca vibração semelhante para se instalar, somando a estes suas qualidades e interagindo com estes, interferindo em seus caminhos, estamos portanto, gerando karma.

- Quer dizer, interagimos com tudo à nossa volta.

- Podemos depreender daí que toda a história da humanidade, seus atos, costumes, glórias e horrores são produto destes pequenos atos de todos nós somados desde tempos imemorias.

Ou seja, se nosso planeta não está em boas condições físicas, se os seres que nele vivem têm uma relação destrutiva e espalhamos infelicidade onde quer que vamos, este é resultado da ação do homem. ,

II - A Reencarnação:

- Levando-se em conta a explanação anterior, devemos somar a isto a idéia de que nosso registro vibratório, isto é nosso “endereço energético” fica registrado no plano da matéria – significa que nossa organização atômica passa a responder com as qualidades vibratórias referentes à soma de todas as ações e interações.

- Após desencarnarmos e passarmos pelo processo de desintegração dos corpos inferiores, as partículas que antes compunham este endereço se separam, mas guardam sua memória vibratória, permanecendo em seu plano de manifestação e aguardando que uma nova ordem viibratória que um comprimento de ondas semelhantes venha em sua direção, dando o comando de re-união, para então montar um novo veiculo, sendo o físico,o emocional e o mental, determinados pelas características anteriores.

III - O Livre-Arbítrio:

- Felizmente para nós, um dos nossos veículos, o Mental, tem uma parte imortal, isto é, se comunica com nossos corpos superiores que são permanentes.

Por esta característica, podemos fazer uso da soma do aprendizado aí acumulado (que não deixa de ser um condicionante) nas encarnações subseqüentes.

- Então, embora tenhamos conceitos que estão sob condicionamentos anteriores (mais conhecidos como “preconceitos), temos habilidade mental disponível para nos libertarmos destes e crescermos em consciência a partir de nosso “DISCERNIMENTO”.

- Tendo em vista então a responsabilidade de nossas atitudes na formação da sociedade e dos costumes que nela se estabelecem, podemos concluir que, se não estamos satisfeitos com o mundo em que vivemos, se não compartilhamos com a decadência ora estabelecida em nosso mundo – e é bom que nos lembremos que já não vivemos apenas sob os costumes locais, porém globais – se quisermos que haja uma mudança de qualidade na consciência humana, devemos – é claro – começarmos por nós mesmos e nossas famílias.

Segundo o Dalai Lama, no livro “Como Lidar com as Emoções Destrutivas” (Ed. Campus – 2003) grande parte do sofrimento humano é resultado das emoções destrutivas – “ o ódio leva à violência ou a ansiedade alimenta o vício.”

Se levarmos em conta que os bilhões de habitantes do planeta, com alguma freqüência, tem pensamentos negativos – que dão origem a maus sentimentos e, consequentemente, gerando fatos destrutivos – podemos imaginar, a exemplo do que acontece com personagens dos quadrinhos – o “Pato Donald” – nas suas histórias, está sempre cercado de nuvens negras e raios , desencadeando toda uma quantidade de insucessos e desapontamentos, enquanto seu primo Gastão, o otimista, vive sob uma bela nuvem brilhante, com um sol e muita sorte, sendo sempre premiado com os melhores resultados.

A quantidade e a qualidade das ondas eletromagnéticas concentradas e direcionadas sobre toda a humanidade, na maioria das vezes, traz consigo dor e sofrimento.

Dando uma forma visual à nossa idéia, podemos conceber nosso planeta em seus movimentos de rotação e translação envolvido por uma nuvem de energia de baixa vibração que o circunda e faz conexão com todos os indivíduos que, por acaso, estejam vibrando naquela qualidade no momento em que são por ela tocados. Isto, obviamente fortalece e dá novo alento a esta onda, realimentando assim, a cadeia destrutiva que cria um círculo vicioso em que todos os seres humanos submergem.

IV - A Responsabilidade:

- Cabe, portanto, a cada um de nós a partir desta reflexão e usando nosso discernimento, romper este ciclo, dando então início a um novo momento no planeta: construindo um mundo novo!

Não basta, pois, constatar que o mundo vai por um caminho destrutivo do qual não gostamos, mas é preciso nos auto- educarmos já que somos, em última análise, os criadores deste novo mundo.

A responsabilidade é toda nossa, pois já fomos nossos antepassados e estaremos no futuro de nossos filhos e netos.

Devemos verificar então, como funcionamos nos nossos pequenos núcleos: Família, meio-ambiente profissional e como cidadãos:

- Cumprimos da forma que gostaríamos nossas tarefas em relação à família? Pensamos corretamente neste quesito, sentimos corretamente, agimos corretamente?

- E em relação ao trabalho? Será que é suficiente ser o mais eficiente possível no desempenho de nossas tarefas? E a compaixão, respeito, afeto e parceria com nossos colegas, é a que queríamos ter?

- E como cidadãos – cumprimos nossos papéis, atuamos positivamente, cobramos dos representantes que elegemos, foram estes escolhidos segundo nossas consciências?

- E em relação aos animais – contribuímos para o seu sofrimento e extinção? Ligamos o pedaço de bife com batatas à nossa frente à morte cruel e impiedosa à qual submetemos estes seres, para que pudéssemos devorá-los, salivando? Não geramos assim, uma cadeia de ódio e retribuição?

- Quando destruímos os recursos do nosso planeta, derrubando florestas que tem entre suas muitas funções, proteger o bioma que o mantém vivo e em equilíbrio em nome de nossa ganância, não geramos fatos climáticos?

- E quando, em nome de nossa ambição infinita desejamos acumular e consumir de tudo muito, mais e mais, sem lembrar de compartilhar com aqueles a quem o carma não favoreceu, não estamos, ainda, alimentando uma cadeia de ódio e violência?

- Daí se conclui que temos uma grande obra a realizar, começando pelas pequenas coisas, mas não esquecendo das grandes.

Palestra proferida na Sede da Sociedade Teosófica no Brasil em Brasília/DF, no dia 05/12/2009.